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Foto do escritorAlexandra Luz

A polémica do pó de talco


A 11 de agosto de 2022, a Johnson & Johnson emitiu um comunicado em que confirmava a descontinuação a um nível global de um dos produtos mais utilizados no âmbito da puericultura do bebé, o seu famoso pó de talco. Assim, a companhia informava da decisão de retirar este produto do mercado até 2023, substituindo-o por um produto à base de amido de milho. Esta decisão pode relançar alguma dúvida sobre a segurança do pó de talco, inicialmente levantada em 2018 após a companhia ter sido condenada a indemnizar um conjunto de mulheres que intentaram uma ação judicial em que se relacionava o uso de pó de talco a nível da higiene vulvar com o desenvolvimento de cancro do ovário. Para além desta situação, surgiram ainda informações de que o pó de talco poderia estar contaminado com asbesto (amianto), um material que se encontra relacionado com vários riscos ao nível da saúde (e que tradicionalmente se identifica mais como causador de problemas respiratórios).

Bom, se isto não é suficiente para gerar pelo menos alguma apreensão, será talvez porque nos últimos anos já se tinha deixado de recomendar o uso de pó de talco, e existem atualmente muitos outros produtos de puericultura infantil que têm sido preferidos pelos pais. Mas o facto é que a maioria dos nossos pais e avós usaram e abusaram do pó de talco, e ainda assim ele continuava a ser comercializado, e utilizado.


Portanto, para que não restem dúvidas nos pais sobre os motivos da sua descontinuação, e eventuais riscos associados, aqui fica o esclarecimento desta pediatra com base nos dados disponíveis até à data:


- A companhia Johnson & Johnson mantém a sua posição inalterada – no comunicado de imprensa, esclarece que “apoia firmemente décadas de estudos científicos médicos independentes, que confirmaram que o pó de talco da Johnson & Johnson é seguro, não contém asbesto, e não causa cancro”.


- Esta posição é suportada por um estudo realizado em 2020 que envolveu cerca de 250 mil mulheres. Apesar deste número elevado, e do seguimento por um período de 11,2 anos, ainda assim os investigadores referiram que não podiam descartar um aumento muito pequeno no risco, mas insignificante pois não chegou a ser demonstrado pelo estudo.


- Contudo, a companhia foi alvo de cerca de 38.000 ações judiciais, levando à decisão comercial de substituir este produto por um homónimo de amido de milho, que já era o único utilizado em países como os Estados Unidos e o Canadá, em que a venda de pó de talco tinha sido suspensa em 2020. Esta suspensão agora irá estender-se globalmente, de uma forma progressiva, até 2023, altura em que deixará então de estar disponível de todo no mercado.


Desta forma, a decisão está tomada. O pó de talco vai desaparecer das prateleiras. O que não penso ir afetar as famílias, uma vez que já era um produto em franco trajeto de desuso, e com alternativas atuais bem mais interessantes.

Espero ter sido clara na exposição, e que esta informação vos seja útil!

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