Recentemente surgiram notícias relativas à existência de casos de hepatite de origem indeterminada em crianças, nos Estados Unidos da América e em alguns países europeus. Esta notícia, naturalmente, alarmou os pais, pelo que no sentido de ajudar a esclarecer o que, à data atual, se sabe sobre esta situação, cá estou eu.
Interessa primeiro explicar que hepatite é o termo que usamos para descrever uma inflamação do fígado, que pode ter várias causas – pode ser causada por uma infeção (vírus, bactérias...), por um agente tóxico (medicamentos, drogas...), ou ainda por algumas situações auto-imunes, ou seja, quando é o próprio sistema imunitário da pessoa que causa o problema.
Em crianças, de longe a causa mais frequente para uma hepatite são as infeções virais. Dentro destas, há os mais conhecidos vírus da hepatite A, B, C, D, E e G (que são vírus cujas manifestações principais são as de uma hepatite), mas existem muitos outros agentes virais que, apesar da sua manifestação principal não ser a hepatite, podem afetar o fígado de maneira a causar uma alteração da sua função, mais ou menos grave.
As manifestações de uma hepatite viral, nas crianças, vão depender então do agente associado, e podem ir desde situações assintomáticas (apenas detectadas através de análises ao sangue, por exemplo), a sintomas mais gerais como o simples cansaço, vómitos, dor de barriga, diarreia, febre, até manifestações mais específicas como a tonalidade amarela da pele e mucosas (icterícia), urina escura e fezes claras.
Em relação aos casos de hepatite de origem desconhecida que se verificaram nos últimos meses, o que se sabe é que os casos inicialmente descritos foram no Alabama, nos Estados Unidos, em outubro de 2021 – 9 casos, em que foram excluídas as hepatites A, B e C, mas que testaram todas positivo a adenovírus. Foram surgindo alguns outros casos, alguns também testando positivo a adenovírus (que não é um vírus habitualmente associado a hepatite). Na Europa, surgiram algumas dezenas de casos no Reino Unido, e casos mais esporádicos na Dinamarca, Irlanda, Holanda e Espanha. Não houve até à data nenhum caso registado em Portugal. Todas as crianças tinham menos de 16 anos, a maioria entre 2 e 5 anos, e algumas tiveram doença grave com necessidade de transplante hepático. Não foi identificada nenhuma ligação com a vacina COVID-19, ou nenhum agente tóxico comum, pelo que até à data considerando todos os dados a hipótese de uma causa infeciosa é a mais provável.
Neste momento é conveniente evitar alarmismos, mas permanecermos atentos, informados, e não levantando hipóteses geradoras de pânico e infundadas. Vamos deixar os organismos que mais percebem disto fazer o trabalho deles.
Para mais informações, por favor consultem páginas fidedignas, como:
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