Na passada segunda-feira coloquei na página do facebook uma publicação sobre férias com crianças. Isto porque, tradicionalmente, o mês de agosto é um mês "forte" de férias... embora, no contexto atual, o que era tradicional para muitos foi virado completamente do avesso, havendo necessidade de alterar planos, cancelá-los, reinventá-los...
Penso não haver ninguém que discuta a importância de ter férias. Para qualquer um, seja grande ou pequeno. Férias no sentido em que saímos fora da nossa rotina habitual, "desligamos" um pouco o botão automático em que prosseguimos em alguns dias da nossa vida, relaxamos, e simplesmente vamos ao "sabor do vento". Mas... esperem lá. O título deste post era "férias com crianças". Volta tudo atrás. Relaxar? Impossível quando se quer pegar no livro que já se tentou começar a ler 312 vezes enquanto a criança parecia estar entretida com a nova forma de construção na areia com o formato da Patrulha Pata que, esperançosamente, se comprou na tentativa de a entreter mais do que 30 segundos... Ir "ao sabor do vento?" Só se for para dentro de água a correr para ir buscar o balde do Noddy que a criança atirou para as ondas, antes que ele dê à costa numa qualquer outra praia deserta. Para quem tem crianças, principalmente pequenas, e já foi de férias, não é estranha a ideia de precisar de férias das férias. E não tem mal nenhum por vezes sentir-se isso. Ninguém se deve sentir pior mãe ou pai por isso. Porque ter crianças pequenas, 24 sobre 24h, encontrar estratégias para as manter numa ocupação saudável, enquanto ao mesmo tempo se tenta descansar, dá a sensação de um malabarista a tentar equilibrar mais pinos do que na realidade é possível. Claro que vai haver crianças, e famílias, em que tudo parece ser mais fácil (que sortudos, não são?). Isto porque cada criança tem a sua própria personalidade, grau de atividade, e está numa fase própria do seu desenvolvimento. E cada mãe, e pai, tem as suas características próprias, que não são nem melhores nem piores do que as dos outros. São as suas. Pelo que cada um deve tirar partido do melhor que tem.
Portanto, um truque pode ser ir preparado. Leva na mochila aquele conjunto de lápis de cera (laváveis, atenção, que não convém deixar marcas nas paredes, e não tóxicos, que o lápis de cera castanho é muito bem conhecido por ser confundido com uma barra de chocolate!) e um bloco onde o seu pequeno Picasso dê largas à criatividade? Ótimo. Ou não ir preparado. Também funciona para alguns. Trabalhar com o que temos no local. Construir uma estrada na areia molhada e descobrir o tesouro de conchas ou búzios que nos espera no final dessa estrada. Vale tudo (o que for seguro, claro).
Outro truque é o esquema de vigilância por turnos. Isto dito assim até parece "trabalho". Mas pode funcionar, se se tem essa possibilidade. Enquanto a mãe tenta desesperadamente ligar para falar ao telefone com aquela amiga do peito com quem já não fala há um bom par de meses (ou anos - e curiosamente, também tem crianças pequenas) , a avó assume o comando da situação, e verifica que o petiz não se interessa pela modalidade em franca expansão que é o "mergulho em apneia". Tende a resultar, se houver um bom trabalho de equipa.
Truque máximo - descomplicar. Não é preciso mais roupa, quando vamos de férias no Verão (a beleza do pouco espaço que ocupam t-shirts e calções), se nos faltar alguma coisa, na maioria dos sítios do nosso belo país temos hipótese de conseguir arranjá-la (ou algo semelhante), e em termos de comida... bem, a partir dos 12 meses está recomendado o "regime da família", não é?
As férias passam. Sejam boas, ou más. São férias, e passam. Mas são uma oportunidade. De como pais darmos o desconto que ninguém é perfeito, e ao mesmo tempo de nos podermos todos divertir com brincadeiras que já nem nos lembrávamos que fazíamos antigamente. E de passar tempo com os nossos filhos. Pois eles crescem. E muito, muito rápido.
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