Depois do alarme dado com o aparecimento de casos de hepatite indeterminada em crianças, surgiram recentemente notícias a dar conta da existência de casos de varíola-dos-macacos em Portugal, bem como noutros países europeus e nos Estados Unidos. Assim, é importante que possamos estar informados sobre esta doença, evitando especulação e alarmismos que, em contexto ainda de pandemia, nada ajudam.
Antes de mais, o que é a varíola-dos-macacos e como se manifesta?
Bom, é uma zoonose (doença comum aos humanos e aos animais) causada por um vírus, que é o vírus da varíola-dos-macacos (Monkeypox vírus). A sua apresentação clínica é semelhante à da varíola, uma doença considerada erradicada pela Organização Mundial da Saúde em 1980, muito devido à vacinação contra esta doença. Os sintomas habituais são, numa fase inicial, a febre, dor de cabeça, arrepios, cansaço, aumento de tamanho dos gânglios linfáticos, e dor muscular. Depois, frequentemente cerca de um a três dias após o início da febre surgem lesões na pele, que caracteristicamente atingem primeiro a face, e depois se estendem ao resto do corpo, incluindo as palmas das mãos e as plantas dos pés. As lesões na pele primeiro surgem como manchas, depois pápulas, vesículas, pústulas, e finalmente crostas. Ao contrário do que acontece com a varicela, em que as lesões na pele estão em várias fases de evolução ao mesmo tempo, na varíola-dos-macacos as lesões estão todas na mesma fase, e vão evoluindo ao mesmo tempo. Para a maioria das pessoas, a varíola-dos-macacos é uma doença auto-limitada, que dura habitualmente de duas a quatro semanas, com recuperação espontânea e completa. As manifestações são menos graves que a varíola humana, mas ainda assim, existem casos mais graves e mortalidade associada à doença, principalmente nos grupos etários da infância e jovens adultos, e pessoas com deficiências imunitárias.
Como se transmite a varíola-dos-macacos?
A transmissão ao homem pode ser feita através do contacto com uma pessoa ou animal que estejam infetados, ou ainda pelo contacto com material contaminado pelo vírus. A transmissão pessoa a pessoa, através de gotículas respiratórias, exige um contacto prolongado.
Como se trata a varíola-dos-macacos?
Não existe um tratamento específico para esta doença. Habitualmente faz-se o chamado tratamento sintomático, ou seja, direcionado para os sintomas que a pessoa apresenta. É importante referir que atualmente também não existe nenhuma vacina específica contra a varíola-dos-macacos, sabendo-se contudo que a vacina da varíola humana, usada na erradicação desta doença, confere proteção contra a varíola-dos-macacos. Atualmente existe ainda uma vacina da varíola de terceira geração, com um perfil de segurança mais favorável. Contudo, o seu uso passa necessariamente pela consideração dos potenciais efeitos adversos, relativamente aos benefícios que podem resultar.
Existem casos de varíola-dos-macacos em Portugal?
Sim, a DGS confirmou a existência de casos de varíola-dos-macacos em Portugal, até à data na zona de Lisboa e vale do Tejo, em jovens adultos. Não há registo de doença grave até ao momento. Existem ainda casos descritos em vários países europeus, e Estados Unidos.
É fundamental mantermo-nos alerta, e informados, para que possamos enfrentar com tranquilidade e confiança mais esta doença.
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