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Estomatite e Gengivostomatite nas Crianças: O Que os Pais Precisam de Saber

Foto do escritor: Alexandra LuzAlexandra Luz


As situações que atingem a boca em pediatria são muito frequentes nas crianças e, entre as situações que podem preocupar os pais, a estomatite e a gengivostomatite estão entre as mais comuns. Estas doenças podem causar desconforto significativo nos pequenos e gerar dúvidas sobre a melhor forma de agir. Vamos explorar as causas, manifestações, o tratamento e os sinais de alarme destas situações.




O que são a Estomatite e a Gengivostomatite?


A estomatite refere-se à inflamação da mucosa da boca, enquanto a gengivostomatite envolve também a inflamação das gengivas. Estas inflamações podem ter várias causas, mas são mais frequentemente fruto de infeções virais, bacterianas ou irritações locais.


Causas mais comuns:


Infeções virais: O vírus herpes simplex tipo 1 (HSV-1) é o principal responsável pela gengivostomatite herpética, muito comum em crianças pequenas. No entanto, outros vírus também podem causar estomatite, como:

- Coxsackievirus A16 e Enterovírus 71 (responsáveis pela doença mão-pé-boca), Adenovírus, Citomegalovírus (CMV), Vírus Epstein-Barr (EBV) (associado à mononucleose infeciosa).

Como distinguir a infeção herpética?

Por vezes distinguir entre uma gengivostomatite herpética e outro tipo de estomatite/gengivostomatite não é nada fácil. A gengivostomatite herpética geralmente provoca úlceras dolorosas em toda a mucosa oral, incluindo gengivas, língua e palato, frequentemente acompanhadas de febre alta e gengivas muito inflamadas. Também pode acompanhar-se de algumas lesões nos lábios/zona exterior da boca. Imaginando uma boca uma linha que divide a parte anterior da parte posterior, pode dizer-se que a gengivostomatite herpética habitualmente não atinge tanto a parte posterior, enquanto outros vírus acabam por atingir igualmente a parte anterior e posterior.

Infeções bacterianas: Muito menos frequentes, mas podem surgir como sobreinfeções.

Candidíase oral: Uma infeção fúngica que afeta mais frequentemente bebés pequenos ou crianças com algum tipo de fragilidade do sistema imunitário.

Fatores irritativos: Traumas locais, higiene oral inadequada ou o uso prolongado de chupetas podem contribuir para a inflamação.


Como se manifesta?

 

- Gengivas vermelhas e/ou inchadas

- Pequenas feridas ou úlceras/aftas dolorosas na boca

- Febre, especialmente nas infeções virais

- Dificuldade em comer e beber devido à dor

- Mau hálito

- Salivação excessiva




Nesta fotografia, de uma criança com gengivostomatite, de notar as feridas nos lábios, o inchaço e vermelhidão das gengivas, e a salivação.







Nesta fotografia, de outra criança com gengivostomatite, de notar o inchaço das gengivas que praticamente cobre os dentes, e a tonalidade vermelha da gengiva.



Algumas vezes as gengivas estão tão sensíveis, que ao mínimo toque sangram, o que pode assustar os pais.  Também podem ficar cobertas com uma espécie de camada esbranquiçada, que se chama fibrina, e que surge habitualmente nas feridas durante o processo de cicatrização. De notar que estas hemorragias são limitadas às gengivas, e não atingem outras partes do corpo.







Nesta imagem, para além do inchaço e vermelhidão das gengivas, é visível na parte posterior dos dentes a camada de fibrina típica do processo de cicatrização, nestes casos.








Tratamento: O que fazer em casa?

 

A maioria dos casos é autolimitada e melhora em cerca de 7 a 10 dias – é verdade, o curso deste tipo de situações pode ser bastante prolongado! No entanto, podem e devem ser tomadas medidas para aliviar o desconforto:

 

Alívio da dor: Paracetamol ou ibuprofeno (sempre conforme orientação médica). Por vezes, quando as crianças têm dificuldade em tomar os xaropes nesta situação, pode ser útil optar pelas formulações de supositório.

 

Hidratação: Oferecer líquidos frescos para prevenir a desidratação. Esta medida é fundamental!

 

Alimentação: Optar por alimentos moles e frios para minimizar a dor. Não pressionar a criança para comer.

 

Higiene oral suave: Manter a boca limpa com escovagem delicada – por vezes é necessário evitar as escovas, quando as gengivas estão muito frágeis e o toque desencadeia sangramento.

 

Tratamento antiviral: Quando está indicado o aciclovir?

 

Em alguns casos de gengivostomatite herpética, o tratamento com aciclovir (medicamento antiviral) pode ser recomendado para reduzir a duração e a gravidade dos sintomas. O aciclovir é mais eficaz quando iniciado nas primeiras 72 horas após o início dos sintomas. As situações em que o tratamento antiviral pode estar indicado incluem:

 

  • Crianças com sintomas intensos que comprometem a alimentação e hidratação;

  • Casos com febre alta persistente e desconforto significativo;

  • Crianças imunodeprimidas ou com condições médicas que aumentem o risco de complicações.

 

A decisão sobre o uso de aciclovir deve ser sempre tomada pelo pediatra ou médico assistente da criança, considerando os benefícios e possíveis efeitos secundários.

 

Sinais de Alarme: Quando procurar ajuda?

 

  • Febre que não cede apesar de medicação adequada;

  • Dificuldade em beber líquidos, levando a sinais de desidratação (boca seca, diminuição do volume urinário, sonolência);

  • Úlceras muito extensas ou sangramento significativo.

 

Conclusão

 

A estomatite e a gengivostomatite podem ser muito desconfortáveis para a criança e preocupantes para os pais, mas, na maioria dos casos, têm um desfecho favorável, e não requerem mais do que os cuidados que se podem ter, em domicílio. Saber identificar os sinais de alarme e adotar cuidados básicos em casa faz toda a diferença. Em caso de dúvida ou agravamento dos sintomas, não hesite em contactar o médico assistente ou o pediatra.

 
 
 

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