🩹 Varicela — o que todos os pais precisam de saber
- Alexandra Luz

- 26 de out.
- 4 min de leitura

A varicela é uma das doenças infeciosas mais comuns na infância. Durante anos foi vista como uma “doença inevitável” — quase um “rito de passagem” da infância —, mas hoje sabemos que pode, em alguns casos, ter complicações relevantes, e que, quando possa acarretar mais risco, é possível preveni-la através da vacinação.
👶 Como se transmite a varicela?
A varicela é causada pelo vírus varicela-zoster, o mesmo que mais tarde pode reativar-se sob a forma de zona (conhecido na gíria comum como“cobrão”). É uma doença altamente contagiosa, transmitindo-se através das gotículas respiratórias (espirros, tosse) e do contacto direto com o líquido das vesículas típicas que surgem na pele.Uma criança infetada pode contagiar outras pessoas desde 1 a 2 dias antes do aparecimento das borbulhas, até que todas as lesões estejam em crosta — o que costuma acontecer cerca de 5 a 7 dias após o início da erupção. É exatamente pelo facto de ser contagiosa antes do aparecimento das lesões que é extremamente fácil que crianças contagiem outras ainda antes que alguém se aperceba da situação.
😷 Quais são os sintomas?
Nos primeiros dias, a varicela pode surgir com sintomas muito inespecíficos:
Febre ligeira a moderada;
Mal-estar, falta de apetite e dor de cabeça.
Em regra pouco depois surge o exantema típico: pequenas manchas vermelhas que evoluem para borbulhas e depois para vesículas com líquido transparente (“gotinhas de água”), que acabam por secar e formar crostas. Uma característica da varicela é o facto de as lesões poderem surgir em toda a superfície corporal e nas mucosas (interior da boca, genitais), sendo que é dos poucos exantemas nas crianças que atinge o couro cabeludo.

As lesões aparecem em vários surtos, o que faz com que existam na criança manchas, bolhas e crostas ao mesmo tempo.
A comichão pode ser bastante intensa e difícil de controlar, pelo que é importante manter as unhas curtas e evitar coçar, para reduzir o risco de infeções secundárias da pele.
⚠️ Em que situações é que a varicela pode ser mais grave?
Na maioria das crianças saudáveis, a varicela é uma doença autolimitada, mas pode complicar-se, sobretudo em:
Pequenos lactentes, adolescentes e adultos;
Crianças imunodeprimidas;
Grávidas que não tiveram a doença previamente;
As complicações mais frequentes incluem:
Infeções bacterianas da pele;
Pneumonia da varicela;
Encefalite e ataxia cerebelosa (raras, mas graves).
A infeção durante a gravidez, tal como referido, pode ser particularmente perigosa para a mãe e para o bebé.
💊 Como tratar?
O tratamento é essencialmente sintomático, para aliviar o desconforto:
Paracetamol para controlar a febre (evitar ibuprofeno e aspirina, que podem causar algumas complicações graves quando dados na varicela);
Anti-histamínico oral para diminuir a comichão; Existem vários medicamentos seguros e eficazes no controlo da comichão - habitualmente os anti-histamínicos mais recentes são igualmente eficazes e têm menos efeitos secundários que os mais antigos; Por regra evitam-se anti-histamínicos de aplicação na pele, pois é difícil de prever a absorção e podem ter efeitos adversos importantes;
Roupa leve e banhos mornos para aliviar a comichão; Existem alguns produtos disponíveis que se adicionam à água à base de aveia (para diminuir a comichão) ou desinfetantes (para prevenir as infeções);
Soluções de aplicação na pele para ajudar a secar ou desinfetar as lesões; No caso de se usar deste tipo de produtos, deve evitar-se aqueles que tenham coloração, pois podem não permitir detetar se as lesões estão infetadas (evitar o que antigamente se chamava de “pintar com eosina”, pelo efeito desinfetante desta substância).
Unhas curtas e limpas para prevenir infeções.
O aciclovir, um antiviral, só é indicado em casos específicos (quando se trata do segundo caso no mesmo agregado familiar, crianças de risco, adolescentes, adultos ou imunodeprimidos), situações que devem ser sempre avaliadas e em que o medicamento deve ser prescrito pelo médico.
🧒A varicela e a escola
Em Portugal, a varicela é uma doença de evicção escolar obrigatória, ou seja, a criança não pode frequentar a escola, jardim-de-infância ou creche enquanto for contagiosa.
De acordo com a lei, a criança deve ficar em casa pelo menos 5 dias após o início da erupção e apenas regressar quando todas as lesões estiverem em crosta.
Os contactos com adultos saudáveis ou crianças que já tiveram varicela ou estão vacinadas são geralmente seguros.
💉 E a vacina?

A vacina contra a varicela é uma forma eficaz de prevenir a doença e as suas complicações, sendo que em alguns países faz parte do esquema universal de vacinação.
Em Portugal, não faz parte do Programa Nacional de Vacinação (PNV), mas é recomendada em algumas situações pela Sociedade Portuguesa de Pediatria e está disponível nas farmácias, para compra.
É uma vacina viva, atenuada;
Pode ser administrada a partir dos 12 meses de idade;
São necessárias duas doses, com intervalo mínimo de 4 semanas;
A Sociedade Portuguesa de Pediatria recomenda a sua administração a adolescentes (idade igual ou superior a 12 anos) sem história prévia de varicela e a crianças que contactem habitualmente com indivíduos imunodeprimidos. NÃO recomenda a sua administração a crianças saudáveis fora de um programa universal de vacinação;
Se quiserem mais informações sobre esta vacina, podem consultar no artigo do blog “Vacinas da Hepatite A e Varicela: Porque não estão no Programa Nacional de Vacinação” (têm o link nas referências).
Nota: Mesmo que a criança vacinada adoeça, a doença é geralmente muito mais ligeira e com menor risco de complicações.
🌸 Em resumo
A varicela é uma doença comum, mas não é de todo uma doença inofensiva.
O tratamento baseia-se geralmente no controlo dos sintomas, do qual o mais difícil é habitualmente a comichão.
👉 Se o seu filho tiver varicela, mantenha-o em casa, avise a escola e evite contactos com pessoas vulneráveis até todas as crostas estarem secas.
A prevenção é — mais uma vez — o melhor remédio. 💪
Os meus produtos preferidos para a varicela
(e não, não recebo pela publicidade, são apenas produtos que me habituei a recomendar e de que os pais me dão bom feedback).
Para aplicar na pele em fase aguda, com o objetivo de secar as lesões, e efeito reparador:

Para aplicar na água do banho, para acalmar a comichão:
(não prescrevo por sistema, associo caso necessário)

Para diminuir a probabilidade de cicatrizes residuais, em crianças com tendência para problemas de pele, após a fase aguda:
(também não prescrevo por sistema, na maioria dos casos não há necessidade)

Referências:









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